sábado, 16 de junho de 2012

PROFESSOR: GRANDE SOFREDOR DA SOCIEDADE...

CALARAM O PROFESSOR


Jocelaine Serro Polita, Professora estadual - ZERO HORA 05/04/2012

Há poucos dias, li sobre o papel do professor como coadjuvante na educação. Pois é! Economistas, políticos, pais entendem do ofício e sabem dizer como devemos agir. Por que não estão nas salas de aula, então? A resposta é simples: salário baixo, condições de trabalho precárias, alunos desestimulados.

Além da questão salarial, há que se verificar o porquê de se dar voz a tantos “entendidos” em educação e não ao professor. Acredito que os períodos de desmoralização por que passamos tenham influenciado nessa situação. Lembram de ouvir em meios de comunicação sobre nossa atuação e sobre os exageros de nossas reivindicações? Essas falas, com certeza, ajudaram a fazer com que o professor perdesse credibilidade. E o que falar, então, da culpa pelos resultados em avaliações (Saers, Enem, Prova Brasil...)?

Acredito que sejamos culpados por não “treinarmos” nossos alunos para esses testes, por anos e anos em que sucumbimos e andamos para lá e para cá nas mudanças de políticas educacionais de um governo para outro e por ficarmos calados frente a tanto que foi dito sobre educação e não nos consultarem quando decidiam o que e como fazer. Fomos muito obedientes, deveríamos ter nos rebelado.

Hoje nossa “voz” está sufocada. Os alunos (em sua maioria) não querem aprimorar-se, aprender. Tentamos diferentes métodos, pedimos, imploramos, pois queremos crianças e jovens que valorizem o conhecimento, estabeleçam relações, compreendam o outro, o meio e os respeitem. Isso não é querer demais. Mas não se discute com o professor na elaboração de propostas e de testes, a conversa vem na hora da aplicação e quando os resultados não são satisfatórios.

Precisamos mudar a imagem do professor, que apresenta um semblante cansado, enfraquecido, sem brilho no olhar. Lembrem-se de que ainda não desistimos de lutar por educação de qualidade, essa sempre foi a nossa bandeira e junto a ela está a questão salarial que proporcionaria coisas tão simples: comprar livros, para lê-los e depois contagiar os alunos nesse hábito; descansar, para recebermos alegres e dispostos os jovens, e não cansados e esgotados, após nos desdobrarmos em várias escolas; preparar boas aulas; estudar (gostamos muito de estudar).

Bom salário sustenta a “voz” do professor e garante qualidade em educação!

2 comentários:

  1. Professor
    Ivone Boechat
    Alguém um dia se propôs a trabalhar na construção de vidas, estudou psicologia, filosofia e as melhores técnicas de comunicação. Passou dias, horas e minutos, observando o comportamento de todas as faixas etárias do ser humano.

    Alguém que se percebeu vocacionado e, atendendo aos apelos do coração, inscreveu-se na batalha de frente da luta milenar contra os analfabetismos.
    Alguém se especializou nas oficinas mecânicas do ser humano e candidatou-se a reformar conceitos e valores da educação mal orientada.

    Alguém se inscreveu no concurso da vida, não se importando de sacrificar o próprio corpo na concorrência desleal de convênios, convenções, tratados e dissídios.

    Alguém se fez alheio às dificuldades, tendo plena certeza delas, e saiu disposto a questionar leis, portarias, resoluções e regimentos. Nos desmaios da sobrevivência, impôs-se.

    Alguém foi nomeado, designado, empossado para o exercício do magistério, não se perdeu no labirinto do caminho nem se assustou com o fantasma da exigência impossível. Saiu a procurar o aluno perdido, nas balas perdidas da guerra civil.

    Alguém convive com a distância, com a fome, com a injustiça, com a carência e a canseira, contudo, ensina gerações a acreditar no futuro, a ter fé e não se deter.

    Para um ser assim tão especial, só um nome poderia identificá-lo: PROFESSOR.

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  2. Educador

    Ivone Boechat

    Educador,
    por favor, vença,
    você não deve permitir
    que alguém saia de sua presença
    sem se sentir melhor e mais feliz.
    Educador,
    oferece a flor
    de sua vida
    ao que sofre
    na despedida,
    chorando por fracassar;
    tente de novo,
    ajude a levantar o cansado,
    dê a sua mão ao oprimido,
    este povo abandonado
    que, muitas vezes,
    só encontra você
    na direção do olhar.

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